06:42
AM: o "galo canta” debaixo do meu travesseiro. Tá na hora! Um beijo na esposa e é dada a largada para
mais um giorno de lavoro na
industria da informação.
A
cama, a mesa do café da manhã, a casa e o cachorro ficam para trás. Passo por
tudo, não vejo nada. Sobreviver exige tempo e não há tempo a perder. Trabalho,
pausa para o café, mais trabalho, mais pausa para o café. É proibido pensar,
sonhar, criar. Nesta indústria não existe tempo para tais “devaneios”.
Preciosos
15 minutos para engolir a comida e recomeçar. A paisagem continua a passar por
mim como se ela - ou eu? - não existisse. A fábrica não pode parar. Corre,
checa, escreve, publica. É preciso inspiração... E ela vem, não sei de onde,
mas sempre vem.
Os
ponteiros determinam que é hora de parar; 43
passos até o ônibus; quatro degraus. Sentar e desligar o motor onde deveria
funcionar um cérebro são as maiores conquistas até então. De repente, as
cortinas que cobriram as vistas se abrem; o mundo ganha cor e parece parar por
instantes; o azul/rosa/alaranjado que brota no horizonte me toma de assalto. A
recompensa de todas as dores do dia parece ter chegado.
O
espetáculo da aurora parece ter sido preparado só para mim. Descubro, enfim, de
onde vem tal inspiração! De Masi tem razão: o ócio é preciso. Estou pronto de
novo para mais do mesmo.
Legal Ralph! Adorei.
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