quinta-feira, 13 de junho de 2013

O italiano tem razão



06:42 AM: o "galo canta” debaixo do meu travesseiro. Tá na hora!  Um beijo na esposa e é dada a largada para mais um giorno de lavoro na industria da informação.

A cama, a mesa do café da manhã, a casa e o cachorro ficam para trás. Passo por tudo, não vejo nada. Sobreviver exige tempo e não há tempo a perder. Trabalho, pausa para o café, mais trabalho, mais pausa para o café. É proibido pensar, sonhar, criar. Nesta indústria não existe tempo para tais “devaneios”. 

Preciosos 15 minutos para engolir a comida e recomeçar. A paisagem continua a passar por mim como se ela - ou eu? - não existisse. A fábrica não pode parar. Corre, checa, escreve, publica. É preciso inspiração... E ela vem, não sei de onde, mas sempre vem. 

Os ponteiros determinam que é hora de parar; 43  passos até o ônibus; quatro degraus. Sentar e desligar o motor onde deveria funcionar um cérebro são as maiores conquistas até então. De repente, as cortinas que cobriram as vistas se abrem; o mundo ganha cor e parece parar por instantes; o azul/rosa/alaranjado que brota no horizonte me toma de assalto. A recompensa de todas as dores do dia parece ter chegado. 

O espetáculo da aurora parece ter sido preparado só para mim. Descubro, enfim, de onde vem tal inspiração! De Masi tem razão: o ócio é preciso. Estou pronto de novo para mais do mesmo.
Foto: Ralph Diniz

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